quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mídia e educação: impasses e possíveis soluções!

Longe de esgotar as múltiplas discussões produtivas travadas neste blog, gostaria, na medida do possível, de contribuir com algumas reflexões que tenho feito até então sobre a questão da inserção das novas mídias no contexto educacional brasileiro. Verdadeiramente o “jogo do empurra-empurra” apontado pelo Júlio quanto ao que se refere à pré-disposição em procurar um culpado para a situação atual tem procedência, mas também motivos. Penso que a terceira Revolução Industrial ou Revolução Tecno-científica trouxe profundas alterações para a sociedade mundial. Uma dessas mudanças, já apontada por Tedesco, é a inclusão da mulher no mercado de trabalho. Tal fato possibilitou a passagem da socialização primária, até então realizada dentro dos lares, para o domínio da escola, que até então era responsável apenas pela socialização secundária. Acredito que neste registro podemos entender um pouco melhor o “jogo do empurra-empurra” tão bem colocado pelo Júlio. Neste contexto, não penso que o educando seja um ser desconhecido; produzimos muito conhecimento acerca deles ao longo do tempo. Estes apenas ficam em segundo plano no meio de tantas lutas por melhores condições de salário, trabalho, vida etc... Tanto de seus pais quanto dos professores. A partir da Revolução Tecno-centífica, “...as atividades que mais se destacam no mercado estão vinculadas à produção de computadores, softwares, microeletrônica, chips, transistores, circuitos eletrônicos, além da robótica com grande aceitação nas indústrias, telecomunicações, informática em geral. Destacam-se ainda a expansão de transmissores de rádio e televisão, telefonia fixa, móvel e internet, indústria aeroespacial, biotecnologia e muitas outras inovações.” Essas inovações estão no mundo, mas não ao alcance de todos! Estão nas escolas, mas não em todas elas! São apropriadas e dominadas por alguns educandos e professores, mas não por todos os educandos e professores! Os discursos pró uso das novas tecnologias como fator de melhoria da qualidade do ensino-aprendizagem são respaldados não apenas pelas grandes empresas, que produzem tais tecnologias, mas também por acadêmicos e governo, por intermédio do PCN e outros documentos oficiais. No entanto, tal otimismo resvala-se nas posições contrarias dos pessimistas, dos que delas nada sabem e dos que ainda não foram por elas tocadas. Encontram resistências, sobretudo, por parte dos professores que não vislumbram a possibilidade de transpor aquilo que se encontram nos documentos oficiais, a respeito do uso das mídias na educação, em suas práticas pedagógicas dadas as limitações de sua formação e disponibilidade das mídias nas escolas. Daí tantas tensões que abrem uma espécie de temporada de caça as novas tecnologias. Contudo, não acredito que as mídias devam ser encaradas como inimigas e/ou vilãs, pois ao fazermos isso, atribuímos a elas algo que elas não possuem - vida, ou seja, é como se as mídias tivessem vida própria e pensassem por si mesma. Há que se considerar que as mídias são invenções dos homens. E como tal, somos nós quem fazemos um bom ou mau uso delas. Acredito que uma educação com e a partir do uso das mídias deva não apenas possibilitar que os educandos compreendam seus mecanismos, mas que também apreendam melhor os conteúdos historicamente acumulados e que acima de tudo, possam ser decisivas para a formação para a vida. Chego a pensar, com ressalvas, que o uso das mídias dentro dos espaços formativos podem ser pensado, pelos professores, em conjunto com as idéias de Vygotisky, principalmente no que tange sua idéia de ZDP. Assim, entre aquilo que os educandos já sabem e aquilo que eles podem saber, o uso das mídias poderia contribuir significativamente na medida em que potencializa a capacidade de compreensão do mundo e das coisas. Para terminar, gostaria de fazer duas observações: primeiro, penso que não podemos misturar o caráter informativo das mídias (neste caso a TV e PC) com o seu vir a ser formativo; segundo, concordo que existe um problema em pensarmos o uso das mídias no tempo presente, pois o passado já nos diz pouco e o futuro ainda está longe, como aponta Hannah Arendt, mas não acredito na impossibilidade de nomear e explicitar aquilo que nos passa hoje, apenas temos limitações de pensar o tempo presente.

Por: Luciano Francisco de Oliveira

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