quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Para "continuar" a conversa... (Rodrigo Camilo)

As perguntas que o Júlio deixou ao final de seu comentário sintetizam grande parte das inquietudes que apresentamos em nossas discussões quinzenais. Sobre a primeira questão, não considero o termo "culpar" (no sentido de incriminar) o termo mais adequado, mas sim a palavra "responsável". Compartilho da idéia de que as mídias são sim responsáveis pelas discórdias  entre as teorias e visões na atualidade, inclusive de outras épocas, mas vejo isso positivamente. São as mídias (faço menção aos diversos meios de comunicação além das mídias eletrônicas) que possibilitam um espaço de comunicação e confronto de idéias. Negar isso, ao meu ver, é negar todo avanço tecnológico que proporcionou inúmeros benefícios ao desenvolvimento humano. O problema talvez esteja no uso dessas mídias, quando deslocadas de uma posição de veiculação de conhecimentos e aproximação de pessoas para uma utilização voltada à manipulação política e ideológica por parte de grupos minoritários. Com essa afirmação, parto para a segunda questão (mais complexa), sobre a qual não tenho respostas devido as minhas limitações teóricas, mas gostaria de contribuir com algumas considerações. É fato que as mídias eletrônicas proliferam em diversos lugares, transpondo classes sociais e perímetros rurais e urbanos, principalmente no contexto das novas gerações - crianças e adolescentes. A aproximação com essas mídias, que se tornam mais intensas e em grande parte dos casos superam em tempo a relação com a família e com a escola, alimentam os processos de significação e representação da sociedade desses jovens. O problema se estabelece a partir do momento em que se reconhece que os objetivos primários das mensagens midiáticas (incluo aqui desde programas televisivos, embalagens de produtos, promoções, outdoors, etc.) que são compartilhados com esses jovens não são necessariamente educacionais e voltados para o esclarecimento. Vejo essas mensagens  mais vinculadas a uma lógica mercadológica e "formação" do consumidor (formação no sentido de incitar ao consumo e não conscientizar) do que para o esclarecimento e formação cultural dos sujeitos/receptores, ou ingenuamente para oferecer um repertório lúdico ao imaginário das crianças e suas brincadeiras. Acredito também que a cultura discutida em classe do "ter/parecer" ao invés do "ser" tenha como grande corroborador o uso empresarial que se tem feito das mídias em grande escala. Talvez as novas tecnologicas digitais domésticas que permitem a produção e veiculação de audiovisuais estejam possibilitando um perspectiva de relação com as mídias que fuja desse enquadramento. Aí está uma questão ética que deve ser problematizada na escola. Um "repensar" como a Danielle colocou e que deva superar o jogo de "empurra-empurra" assumindo a escola seu papel como instituição encarregada de propor essas reflexões e possibilitar atitudes mais críticas dos alunos que se relacionam com essas mídias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário